Mais uma vez, visionei outro filme candidato aos Óscares, particularmente para Melhor Actriz na pessoa de Meryl Streep, grande senhora das artes!
Quanto à estatueta, acho que vai ser muito renhido com Kate Winslet, que é candidata pelo seu papel em O Leitor. Àparte o filme O Leitor querer fazer a passagem de testemunho entre o regime nazi e os sucessivos regimes Israelitas, àparte isso, acho que Kate Winslet merece o Óscar.
Mas não é esse o principal motivo que me leva a escrever esta crónica... esse motivo é o facto de que A Dúvida está muito bem conseguido, do ponto de vista psicanalítico. Nesta perspectiva, a dúvida relaciona-se com a dificuldade de escolha de objecto, podendo apontar, portanto, para uma escolha de objecto homosexual. Trata-se de dúvidas homosexuais.
No filme, fica a dúvida de se o padre realmente assediou e envolveu-se sexulamente com um dos acólitos. Neste contexto da igreja, a homosexualidade, a meu ver, aproximar-se-à da homosexualidade passiva que é característica nas prisões, que está bastante relacionada com relações de poder. Talvez o facto de Jesus Cristo ser muito vez representado como um menino e haver sentimentos de imprisionamento pela fé religiosa, ajude a explicar estas relações de poder. Mas, trata-se todavia de homosexualidade... masculina, neste caso. E o filme acaba com a austera Irmã, representada por Meryl Streep, a quebrar, a chorar, confidenciando a uma Irmã mais nova que tinha dúvidas, tinha muitas dúvidas. Simbolicamente, psicanaliticamente, estamos perante a homosexualidade feminina.
Portanto, o filme aborda tanto a homosexulaidade masculina como a feminina.
E, digo mais uma vez, está bem conseguido!